No mercado tido como masculino, as mulheres vêm fazendo nome e mostrando que carro também é assunto feminino
Por meio de muita luta e suor, as mulheres vêm mudando seu status e seu papel na sociedade com o passar do tempo, ampliando seu alcance e recurso, deixando-se ser vista apenas como a “dona de casa”. Hoje, nós a vemos estar em grandes profissões que não se resumem a enfermeiras e professoras, espalhadas no mercado de trabalho e conquistando com respeito o seu espaço na sua categoria.
Cientistas, médicas, engenheiras, mestre de obras e mecânicas, cresce a lista de profissões tidas como masculinas, mas que estão abrindo espaço para o público feminino — e com glórias. E é impossível falar das mulheres na mecânica sem citar Wilma K. Russey, que era taxista em 1915 e que, para ajustar seu orçamento, começou a fazer a própria manutenção no seu carro. O mercado, então, só cresceu! Estima-se que 58% dos interessados em mecânica ou assuntos que envolvam os carros são mulheres.
Com o desejo de fazer diferente e uma parafusadeira Makita nas mãos, muitas estão mudando o destino de suas famílias e de toda uma sociedade. E continuar a incentivá-las é fundamental para que esse processo não se acabe por aqui.
Os desafios da mulher na mecânica
Coragem, força e determinação: muitos são os desafios das mulheres que estão lutando por um novo objetivo, sob um novo foco. O preconceito enraizado é o principal obstáculo, afinal, num país onde se diz que mulheres mal sabem dirigir, ter o carro consertado por uma pode ser um verdadeiro desafio. Embora essa situação esteja mudando, ainda há muito o que caminhar.
O próprio setor ainda precisa abrir espaço para que as mulheres adentrem neste território, o que muitas vezes não é possível. Porém, nem só de más notícias se vive este texto.
Se por um lado há todo um histórico masculinizado do setor, por outro, existe o crescimento das mulheres na compra de carros e motos — e, logo, o seu interesse pela manutenção qualificada e de confiança.
Ao pesquisar oficinas e perceberem que há mulheres à frente, elas se sentem mais seguras e passam a fomentar o mercado como público-alvo consumidor. Além da segurança no serviço, elas se sentem confortáveis em passar o serviço e confiar que uma mulher irá executá-lo, sem que seja passada para trás.
Assim, acabam se solidarizando e fazendo com que haja um elo ligando todas as partes interessadas e incentivando o mercado por mais profissionais femininas.
E como continuar a incentivar este mercado?
O primeiro passo é tirar o óculos do preconceito e entender que a mulher à frente de uma oficina mecânica mostra a mesma competência de qualquer pessoa que se predispõe a fazer o serviço da melhor forma possível. É necessário que haja uma reeducação social para que os estereótipos deixem de existir, fortalecendo a causa.
Outro ponto que precisa ser trabalhado é mostrar para meninas e mulheres que está tudo bem elas serem mecânicas e que isso não é uma profissão de homem, igual muitas pensam. Elas podem, sim, trabalhar na área e se destacar, assim como fariam em qualquer outra atuação. Não há motivo para preocupação!
Por fim, reforçar a formação de profissionais unissex para esse nicho irá torná-lo mais democrático e efetivo. Quantas divulgações de vagas usando foto de mulheres para o curso de mecânica você já viu na vida? Pode parecer um passo pequeno, mas pode ser fundamental para a mudança da perspectiva social sobre o tema.
O incentivo familiar também é um passo importante. Se o preconceito existe lá fora, dentro de casa ele não deve existir. Apoiar seus desejos é tão fundamental quanto levar o carro para ser consertado por elas.