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A trajetória da luta feminina no Ocidente para usar calças

calca feminina

Descubra como o simples ato de vestir calças se tornou um símbolo de liberdade e igualdade

 

Durante séculos, o vestuário feminino foi marcado por regras rígidas que limitavam a liberdade de movimento e expressão das mulheres. No entanto, à medida que os movimentos por igualdade de gênero ganharam força, a luta pelo direito de vestir calças tornou-se um símbolo poderoso de resistência. 

 

A calça feminina, vista inicialmente como uma afronta às normas sociais, passou a representar a quebra de barreiras e o avanço da emancipação feminina no Ocidente, redefinindo a moda e o papel da mulher na sociedade.

A França e a lei de 1800

Há quem acredite que a Europa sempre esteve à frente na questão dos direitos das mulheres, porém, na França, ainda vigorava uma lei de 1800 que as proibia de usar calças. E essa lei seguiu de pé até pouco tempo, apenas em 2013 foi derrubada.

 

Segundo essa lei, se as mulheres desejassem “se vestir como os homens”, precisavam pedir autorização para a polícia. Se não o fizessem, poderiam ser presas. No século XX, ainda surgiu uma emenda que permitia que elas usassem a peça, mas era apenas em dois casos: para andar a cavalo ou de bicicleta.

 

Em 2013, a lei foi finalmente derrubada e a ministra francesa dos Direitos da Mulher da época, Najat Vallaud-Belkacem, comentou que isso aconteceu porque essa lei não estava mais alinhada com os valores da França no presente.

Sociedades orientais liberavam a peça

Enquanto no Ocidente as saias eram um padrão obrigatório da vestimenta feminina, no Oriente a situação era diferente. Lá, o uso das calças não estava relacionado com a moda, mas com a questão da praticidade. 

 

Inclusive, as roupas de homens e mulheres eram muito parecidas, com um toque do que, hoje, poderia ser chamado de unissex. Na antiga cultura turca, por exemplo, as calças eram chamadas de salvar e consistiam em um tecido longo e largo, mais solto nas pernas e apertado nos tornozelos.

 

Em uma visita ao Império Otomano, Lady Mary, uma britânica, percebeu que era preciso mudar algumas coisas no Ocidente e escreveu cartas com opiniões não apenas sobre a liberdade de se vestir, mas também sobre outras questões as quais as mulheres não tinham direitos, como a propriedade, ter seu próprio dinheiro e até sobre casamento.

Movimento de Reforma do Vestido

Na Era Vitoriana, entre 1837 e 1901, um movimento começa a ganhar força, é o “Movimento de Reforma do Vestido”. Nessa época, as mulheres passaram a questionar suas vestimentas e buscaram ter o direito de usar calças. A situação não estava, ainda, relacionada com a moda, mas, sim, com o conforto.

 

O movimento ressaltava que a proibição do uso de calças era um instrumento de repressão social. Ainda assim, para a época, adotar uma vestimenta turca seria algo não cristão, então, mesmo na luta, as mulheres não conseguiram o direito de abandonar as saias.

 

Apenas em 1940, com a Segunda Guerra Mundial, é que elas finalmente tiveram o direito de incluir as calças em seu guarda-roupa do dia a dia, já que as mulheres tinham papel importante na guerra e assumiram postos de trabalho nas fábricas.

Dias atuais

Hoje é difícil pensar que uma mulher não possa usar calças. A peça já é fixa no guarda-roupa, encontrada em diferentes tecidos e usada nas mais variadas ocasiões. 

 

No entanto, esse direito é um reflexo da luta travada pelas gerações anteriores, que perceberam que a peça não deveria ser exclusiva dos homens e, mais, que impedir o uso de calças pelas mulheres era uma forma de repressão de seus direitos, e que, graças à peça, elas conseguiriam exercer determinadas atividades com mais liberdade e tranquilidade.

 

Ainda existem muitas outras lutas na busca da igualdade de direitos entre homens e mulheres, porém, a calça foi uma vitória que merece ser relembrada e tida como um momento histórico nesta batalha.

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